Arquivo do mês: maio 2012

Você não sabe nada sobre futebol

Você, que não entende como alguém consegue torcer para uma equipe fora do Brasil, não sabe nada de futebol. Você não sabe nada sobre amor, paixão, você não torce de verdade. Não entende como coisas bestas nos alegram – como uma convocação de um jogador da nossa equipe para a seleção, uma foto divertida, um encontro num shopping.

Você está preso. Preso num mundo onde as pessoas só podem fazer as coisas dentro de seu país. Se não podem ter um time estrangeiro de futebol, imagina de Baseball, Futebol Americano, Hóquei? Imperdoável.

Espero que você, grande patriota, só assista filmes brasileiros, só coma pratos brasileiros, afinal é inconcebível gostar de algo estrangeiro. Não vem me falar que adora uma banda de fora pois não há sentido em amar nada fora do seu país.

E alguns dizem que só se pode torcer por uma equipe se puder ir ao estádio. Senão não é torcer. Imagina quem torce por uma equipe e é forçado a se mudar de cidade, ou se tem alguma doença debilitante. Nunca poderão ser torcedores de verdade, pois não poderão entrar num estádio.

Você não sabe nada. O amor é cego, surdo, bobo, inexplicável e não consegue ver delimitações de cidades, estados, países. Ele atravessa oceanos.

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26/05/1989

Arsenal precisava vencer o jogo final da temporada, na casa do Liverpool – um dos melhores times do campeonato – por dois gols de diferença.

Esse tipo de coisa tem que voltar a acontecer.

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A derrota de Arsène Wenger

Michael fazendo um post sobre o Arsenal. Esse mundo deve estar acabando mesmo. Não vou prometer nada, mas quero voltar a escrever diariamente por aqui. É difícil, não vou te enganar, tenho serviço, tenho vida, tenho preguiça, tenho imbróglios com ônibus, metrôs e mundo, mas quero tentar.

Se você não sabe, a temporada do campeonato inglês terminou. Duvido que você não saiba, mas tudo bem, eu vou fingir, pois o backspace está muito longe, vou ter que apertá-lo várias vezes e ter que pensar em um novo jeito de iniciar o parágrafo. Apesar de que acho que poderia ter escrito coisas muito mais interessantes nesse meio tempo em que fiquei justificando minha frase errônea. Paciência.

Vamos ao que interessa: falar mal do Arsenal. Êêêê!

Mentira, eu não quero falar mal do Arsenal. Quero fazer uma análise louca que ainda não vi pelo resto dos blogs; sobre a derrota de Arsène Wenger.

– Mas, Michael, como assim derrota de Arsène Wenger? Ficamos na terceira colocação, não vencemos nada, mas o time foi relativamente bem. Você é muito crítico, blábláblá, mimimi, e coisas do tipo – diz o leitor inexistente desse blog.

Gostei do Arsenal nessa temporada. O time, apesar do mau começo, se desenvolveu muito bem a partir da chegada dos novos jogadores, conseguiu criar um novo padrão de jogo a partir de uma mudança crítica de seu meio-campo e competiu. E venceu jogos importantes. Mas esse Arsenal não é o mesmo time da filosofia Arsène Wenger. Não é a equipe dos jovens que cresceriam juntos sob o comando de Cesc Fàbregas, até mesmo pela saída do meia espanhol. É uma equipe normal da Premier League. Uma equipe quase sem brilho, eficiente, que consegue imprimir um bom padrão de jogo, apesar de todos seus problemas.

Quando Arteta, Benayoun, André Santos e Mertersacker chegaram no último dia de transferências, percebi que Wenger havia desistido de sua filosofia. Não sei se essa foi uma decisão do técnico ou da diretoria, mas, após a derrota vergonhosa para o United, nós largamos o time jovem e passamos a apostar em jogadores medianos, porém experientes, para acertarem a equipe.

Sempre fui defensor da mescla entre jovens talentos, craques e jogadores medianos para se formar uma equipe. Nada em demasia funciona. Olhe para os galácticos do Real Madrid. Não venceram muita coisa, mesmo com Ronaldo, Zidane, Roberto Carlos e Cia abrilhantando o time. O Arsenal dos últimos anos, mesmo cheio de incríveis promessas, jogadores com futuros brilhantes, não conseguiu bons resultados. E nem preciso te dizer que um time somente com jogadores medianos não é o roteiro para sucesso, apesar de às vezes funcionar.

Veja o United. Nele você encontra craques (Rooney, Giggs, Ferdinand, Vidic), ótimas promessas (De Gea, Fábio, Rafael, Welbeck) e jogadores medianos (Chicarito, Valência, Nani, Park, Evra). E a equipe funciona. Ganha títulos. E a maioria desses jogadores são inferiores a muitos do Arsenal. Por exemplo, van Persie é melhor que todos juntos, Wilshere é a melhor promessa, Szczesny é bem mais goleiro que De Gea, Sagna é muito superior a qualquer lateral deles, e mesmo assim sempre ficamos pra trás. O segredo é a mescla. A mistura de talento, segurança e genialidade. O Arsenal tem muito talento e a genialidade do van Persie, mas é comprometido pela falta de segurança de sua equipe. Perdemos jogos simples, mesmo com o gênio holandês em grande exibição.

Enfim, ao que parece, o Arsenal está mudando. A contratação de Podolski, outro jogador experiente, é mais um passo na direção da eficiência, da segurança, de alguém que sempre produzirá seu melhor, não irá alternar boas e más partidas, como acontece com Walcott ou Chamberlain. E, por enquanto, é disso que necessitamos.

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